… Não foi a força bruta da beleza, Nem o vigor cruel da mocidade, E sim dois animais em paz com a natureza. E sim dois corpos, objetos, sensuais contra a lei da gravidade. Nós nem pensamos na felicidade… Medo de avião II – Belchior, Gilberto Gil
Anos depois daquele show, o meu “segundo encontro” com o Belchior foi nas ondas do rádio, no dial de uma emissora que tocava as clássicas da MPB; a rádio ainda existe e aumentou a sua audiência ao tocar músicas de qualidade questionável. Crítica à parte, na programação daquele período, tocavam sempre os artistas que hoje não ondeiam pela FM e Belchior foi um desses.
Com sua voz lânguida, descreve o desejo realizado de transar num avião, com a aeromoça! As bebidas, o flerte, a coragem, a surpresa e o ato consumado.
Essa segunda versão da “Medo de avião” foi composta com Gilberto Gil e saiu no disco de 1979 “Era uma vez um homem e o seu tempo”. Ambos compuseram letra, melodia. Belos arranjos e a descrição do sexo não se resume a objetividade do ato e nem usa de vocabulário explícito para demonstrar suas intenções. Dialeticamente sutil e direta, objetiva e subjetiva.
O programador percebeu isso e então a música sempre tocava lá. Eu estava entrando na juventude e gostei de ouví la, foi a época em que comecei a apurar meu gosto musical, ao conhecer sons diferentes do meu lugar comum. Antes consumia só do mainstream, no máximo um techno da época que os clubbers apanhavam dos skatistas, coitados!