Dias passaram cinzas e hoje um sol tímido, como o meu sorriso, resolveu aparecer.
O luto é um processo extremamente desagradável, mesmo prevendo o que passará nessa jornada a dor é lancinante, de querer sumir, morrer, ser esquecida. O esquecimento é uma forma eficiente de se apagar a memória de algo, ou de alguém desde o Egito antigo.
A morte simbólica, em que o morto está vivo e simbolicamente está penando é como a ferida que não cicatriza, porque cutuca a casca e sangra de novo.
Tem sido difícil todo dia acordar e estar no pesadelo real, que se repete num looping quase eterno. A distopia acaba com a gente, com nosso olhar, com a nossa esperança. Têm dias piores que os outros.
Escrever para expurgar, escrever para não enlouquecer, para transformar o que não saiu em lágrimas em algum bálsamo pra aliviar essa dor, para tornar a tristeza menos triste no devir.
Não há bem que nunca se acabe nem mal que dure pra sempre… Tento me consolar.