Quando tudo isso acabar provavelmente os textos virarão uma série “Escreva na quarentena”.

São Paulo, março de 2020
Dia 7 da quarentena.
Os tempos têm sido muito difíceis, a frequência está muito baixa no planeta. Mas em meio ao caos coisas interessantes acontecem.
A Natureza se recompõe, ressurge das cinzas depois de tanto tempo vilipendiada pelas mãos humanas, tivemos que sucumbir a um agente invisível para parar e repensar a vida (ainda tem sido difícil para alguns fazerem isso).
Nos canais de Veneza voltam os peixes, em São Paulo capital um céu todo estrelado e muito azul. Algo inédito que emociona o olhar, um ar mais puro com menor emissão de carbono esses dias. Paulistana da gema, não me lembro de um céu tão lindo e brilhante durante a noite, só vi um céu desse jeito quando morei no interior, a 500 quilômetros de distância.
Por um instante meus olhos marejaram de emoção, refleti sobre a capacidade da Natureza se reerguer diante de tantas adversidades, pensei também na nossa pequenez diante dela e em como somos tão antropocêntricos. Ainda pensamos que ela existe exclusivamente para nos servir, como se fôssemos especiais e não como parte dela.
Somos pequenos e limitados diante desta Força, poeira na imensidão do Universo. Quando será que entenderemos isso?