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O inferno é na Terra, não em outro lugar

São Paulo, abril de 2020.

Dia 15 da quarentena.

Sol em Áries e Marte também deve estar, não sei se é inferno astral ou TPM, mas estou na força do ódio. Vontade de chutar até desfigurar, a cara do pseudo presidente, dos seus filhos e de todos os que ainda apóiam esses genocidas.

Como não posso fazer isso só me resta xingar. Xinguei muito, no Twitter, no Facebook e até no Instagram. Xinguei até não poder mais! Como podem existir indivíduos que defendem o indefensável, a essa altura do campeonato?

A quarentena começa a fazer um efeito indesejado em meu psicológico, menos pelo isolamento e mais pela incompetência (friamente calculada) do governo federal, que insiste em retardar a ajuda financeira aos trabalhadores e em disponibilizar testes massivos para detecção do coronavírus.

Enquanto escrevia esse texto uma bomba caiu sobre mim. A empresa vai cortar 80% do salário dos funcionários que foram afastados das atividades presenciais e estão em home office, adiantou nossas férias à revelia, suspendeu as negociações salariais e quer quebrar o acordo coletivo. A classe mérdia é um floco de neve: dorme com alguma coisa e acorda sem nada, de repente ficamos iguais a quem recebe benefício assistencial do governo. Quem é o vagabundo agora?

Muitos colegas estão passando pela mesma angústia que eu e outros da classe média também sentem na pele o medo do desemprego e da redução salarial. Vamos depender da boa vontade dos bancos para renegociar o empréstimo, o financiamento da casa ou do carro e a fatura do cartão de crédito nesse período de pandemia. Quem é o vagabundo agora? Somente nivelados por baixo pra entendermos que não somos imprescindíveis pra nenhum CEO, que somos iguais a quem apontamos o dedo; a necessidade ronda a nossa porta e sem salário somos párias à beira da miséria.

Só assim para cair a ficha de que somos da massa, não ricos.

Por trabalhar numa empresa estadual de economia mista, também sinto vontade de chutar a cara do Dória escroque, de chutar o Baldy e o Meirelles, por todo o mal que estão nos fazendo. Agem como lobos disfarçados de cordeiros, são astutos, no estado de São Paulo a canalhice é sofisticada.

Hoje eu também queria deitar na porrada quem ainda acredita em bondade na época de crise. Agora é lei da selva! Farinha pouca, meu pirão primeiro!

As pessoas não mudam pra melhor, já tivemos amostras dos elementos que estão se lixando pros outros que morrerão, ou que estão no grupo de risco. Para eles o lucro está acima da humanidade, mesmo num cenário catastrófico.

O meu coração é a rocha mais dura que se pode conhecer neste momento, quase nada mais me comove. As pessoas realmente colhem o que plantam e nesse país, o tal “ranger de dentes” está só começando.

Por Astrovalda Junqueira

Ghost Writter, "Literateuta"
"Escrever para não enlouquecer, novo bálsamo à alma"

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