Em tempo de amores líquidos é difícil ser sólida.
Preciso andar desviando, pisando em ovos. Com um charme discreto e sem arroubos.
No tempo de amores líquidos, um like não é migalha… A moda agora é demonstrar, sem mostrar tudo.
Enviar sinais confusos de modo que a pessoa que os recebe fique sem saber o que fazer.
A intenção é que eu continue pajeando meu objeto de desejo.
Sinais ambíguos: ora avança, em seguida recua, a disputa de vaidade é longa e deixa alguém em frangalhos. Neste jogo ganha quem resistiu psicologicamente e não assumiu nenhuma responsabilidade afetiva.
Assim são os relacionamentos pós modernos: não me dou completamente, encaixoto os sentimentos. O importante é a aparência, evitar fazer papel de trouxa; não me refiro à falta de amor próprio, é sobre ficar na defensiva e a insegurança, sempre.
O amor é brega! Então, tudo isso é contraditório e faz muito mal pra saúde!
Nós milennials somos inteligentes, acostumados com a tecnologia, nascidos sob a égide da liberdade sexual. Entretanto, somos ansiosos e depressivos.
Na maioria das vezes é fácil transar, difícil é compartilhar intimidades com alguém.
Que tristeza…
E essa pandemia evidenciou o sentimento de carência generalizada que atravessamos. No fundo estamos todos tristes, angustiados e carentes.
E qualquer like significa muito.
Uma amiga me disse que mereço receber muito mais do que me dou, admiro o otimismo dela, até queria ser igual, mas no fundo eu perdi a esperança e preciso me resignar de que a vida é isso, pelo menos neste século.
